Não foi um título fácil. Nunca é. Apesar de a diferença de três tacadas e da vitória de ponta a ponta sinalizarem o contrário, a histórica conquista do tetracampeonato brasileiro sênior por Marcelo Stallone, na sexta-feira, 8 de novembro foi muito mais difícil do que parece e decidida apenas no último dos 54 buracos jogados, pela ordem, no Campo Olímpico, Gávea e Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ).
Depois dos títulos e 2021, 2022 e 2023, Stallone entrou como favorito por ser “local player” nos três campos do 44º Campeonato Brasileiro ABGS de Golfe Sênior – Taça Mario Gonzalez – 2024: no Itanhangá, onde aprendeu a jogar; no Gávea, onde é sócio e presidente do clube, e no Campo Olímpico, percurso estilo links que ama e joga sempre que pode. Mas ainda assim foi desafiado pelo belga Ivan Nyssen, que nunca havia jogado em nenhum desses três campos, onde sequer treinou.
Vantagem – Stallone saiu na frente ao jogar 73 tacadas, duas acima do par, no Campo Olímpico, contra 76 de Ivan, que começou o torneio em segundo. No dia seguinte, no Gávea, Ivan surpreendeu ao jogar igual a Stallone, com ambos marcando 73, quatro acima, para chegar à decisão com as mesmas três tacadas de diferença da rodada de abertura.
Foi aí que Ivan reagiu. Num dia difícil para todos, Ivan jogou duas acima do par nos primeiros nove buracos, contra cinco acima de Stallone, para empatar em primeiro, restando nove buracos para o torneio terminar. Stallone só voltou a se isolar em primeiro com birdies nos buracos 15 e 16, para abrir novamente duas de vantagem. Mas as emoções estavam apenas começando.
Emoção – No 17, de par 3, Ivan ficou a três metros da bandeira, para birdie, enquanto Stallone parava na parte elevada do green, com uma jogada em forte declive para uma bandeira curta, de onde parecia impossível salvar o par. Stallone passou a bandeira por quatro metros, mas salvou o par, enquanto Ivan errou seu putt para birdie. A diferença que poderia ter sido zerada, ainda era de duas tacadas.
Stallone deu outra chance ao adversário ao errar o drive no temido buraco 18, de par 5, com água dos dois lados, indo parar na estreita e longa banca que acompanha a água da direita. De lá, sentindo-se ameaçado por Ivan que estava no meio da raia, Stallone tentou uma jogada mais agressiva e flertou novamente com o desastre. Sua bola sobrevoou a área de penalidade vermelha, em direção ao green, mas pingou na grama perto da água, de onde quicou numa pedra e voltou para a grama, na beira do lago.
Decisão – Ivan foi para o tudo ou nada e arriscou uma segunda tacada direto para a bandeira, mas ele, sim, viu sua bola parar dentro da água. Stallone já podia respirar aliviado. O brasileiro limitou-se a recolocar a bola em jogo, entrou com a quarta no green e dar dois putts para fazer bogey – contra duplo bogey do belga – e comemorar seu quarto título consecutivo no torneio mais importante da Associação Brasileira de Golfe Sênior (ABGS).
“Felizmente deu tudo certo no final”, comemorou Stallone, ainda não acreditando na sorte que teve com a bola na pedra, mas emocionado com a conquista da taça que para ele tem um valor especial. “O Mário Gonzalez foi meu professor e amigo, um verdadeiro pai para mim, e ganhar qualquer torneio em sua homenagem é um momento mais do que especial”.
Ivan teve que se contentar com o vice-campeonato, mas ainda se dizia estupefato com a paisagem de cadeias de montanhas que têm em comum a vista da Pedra da Gávea, que separa o Gávea do Itanhangá, e que pode ser vista também do Campo Olímpico. “Na Europa pensamos que o Brasil é futebol, carnaval, samba e não imaginamos nunca encontrar um destino de golfe como este, com três campos muito próximos uns dos outros e com essas paisagens fantásticas de montanhas ao lado do mar”, diz Ivan. “Venho de um país totalmente plano, e essa paisagem não tem preço”.
Mais destaques – Outros sete estrangeiros, alguns radicados no Brasil, terminaram entre os Top 10, com destaque para os americanos Glen Boggini, do São Paulo, e Jeffrey Kiley, do Gávea. Boggini jogou 74, o melhor resultado do dia no Itanhangá, para ainda terminar em terceiro, com 233 (79-80-74), empatado com Kiley, que foi o único além de Stallone e Ivan, com três voltas abaixo de 80 (77-78-78).
A seguir, terminaram o colombiano Nicolas Fernandez, com 234 (79-74-81); o irlandês Paul O’Doherty, do São Paulo, com 241 (82-77-82); o colombiano Sean Glennon, com 242 (82-78-82); o alemão Reiner Daumler, com 243 (84-77-82); e o escocês Douglas Black, do Sapezal, com 247 (81-87-79). Carlos Smith Vasconcellos, do Gávea, foi o segundo e último brasileiro entre os Top 10, com 249 (82-76-91).
Handicaps – Na classificação por handicaps até 14, o campeão foi Edson Luis Souza, do Porto Belo Golf Resort, de Santa Catarina, com 213 (71-74-68) tacadas. O colombiano Fernandez foi o vice, com 216 (73-68-75), e Carlinhos Smith completou o pódio, em terceiro, com 218 (71-66-81). As demais categorias foram jogadas na modalidade stableford, Fabien Dupret, do Sapezal, foi o campeão da 14,1 a 20, com 109 (37-37-35) pontos, seguido por Humberto Monte Neto, do Iberostar, com 103 (34-40-29), e por Jair Carmona, do Sapezal, com 100 (32-34-34).
Na 20,1 a 26, o pódio teve José Aparecido dos Santos, com 100 (37-32-31) pontos, seguido por dois jogadores empatados com 99: Rodolfo Santos (31-31-37), do São Paulo, e Antonio Nunes Vieira (35-31-33), do Campo Olímpico. E na 26,1 a 32, Isaac Dayan, do Riacho Grande, venceu com 110 (36-40-34) pontos, seguido por Ubirajara Camargo, do São Francisco, com 99 (27-33-39), e por Yocito Fukuda, do Campinas Golf Center, com 94 (33-33-28).
Idades – Nas categorias por idades, também stableford, Otávio Augusto de Lima, de Bastos, venceu na 55 a 59 anos, com 99 (26-36-37) pontos; Marco Antônio Hidalgo da Costa, do Clube de Campo, ganhou na 60 a 65 anos, com 99 (36-35-28); Luiz Fernando Sardinha, da Fazenda São João da Boa Vista, foi campeão da 66 a 70 anos, com 98 (31-38-29); o espanhol Alfredo de Larrea, do São Paulo Futebol Clube, foi o melhor da 71 a 75 anos, com 97 (31-36-30), e Eugênio Naschold, do São Paulo, ficou em primeiro na 76 anos ou mais, com 96 (37-28-31).
Entre os pré-seniores, o argentino Felix Zamudio, do Gávea, foi campeão com 226 (72-75-79) tacadas, resultado que o teria deixado em segundo na sênior, e com grande vantagem sobre Roberto Faria, do Gávea, com 253 (87-83-83); e Francisco Avila, de Goiânia, com 275 (98-85-92). Na pré-sênior com handicaps até 14, Bruno Assumpção, do Morro do Chapéu, venceu com 235 (82-81-72); e na 14,1 a 32 o campeão foi José Antônio Amaral Góes, do Imperial, com 103 (32-36-35) pontos.
Feminino e convidados – Entre as mulheres, Ioma de Carvalho foi a campeã scratch com 248 (90-80-78) tacadas, e Heloisa Castro, do Morro do Chapéu, foi campeã da 16,1 a 32 com 83 (31-27-25) pontos.
Houve ainda uma categoria feminina para convidados vencida por Maria Alejandra Tsuzuki, do PL, com 84 (33-20-31) pontos. Entre os convidados masculinos, Renato de Oliveira Mello, do Riacho Grande, venceu na até 14, com 217 (79-69-69) net; e na 14,1 a 32, Antonio Talarico, do Campo Olímpico venceu com 106 (44-34-28) pontos, seguido por Jorge Garcia, do Itanhangá, com 101 (36-34-31).
Elogios – Constantino Ajimasto Jr., presidente da ABGS, fez questão de agradecer a todos os envolvidos no Brasileiro Sênior, incluindo a diretoria dos três clubes parceiros e o staff da ABGS, que receberam elogios de todos os jogadores, encantados com os campos do Rio de Janeiro, a acolhida e organização do evento. “Esse foi um grande teste para o Sul-Americano Sênior, que o Brasil vai sediar dentro de um ano nesses mesmos campos, e todos se saíram muito bem”, diz Grego, que assumiu a presidência da Federação Sul-Americana de Golfe Sênior e trouxe a competição para o Brasil.
Grego aproveitou a entrega de prêmios para entregar uma placa da ABGS homenageando Marcelo Stallone, bicampeão sul-americano sênior e tetracampeão brasileiro, por sua contribuição para o esporte dentro e fora dos campos de golfe, ajudando a desenvolver ainda mais a entidade.
Hall da Fama – Stallone, idealizador do Hall da Fama do Golfe Brasileiro, aproveitou o Brasileiro Sênior, como é feito todos os anos, para anunciar o nome do novo induzido ao panteão dos heróis do golfe brasileiro. O escolhido de 2024 foi Jesse Stanley Rinehart Jr. (1923 – 2014), fundador e primeiro presidente da Associação Brasileira de Golf, em 1958, embrião do que viria a ser, a partir de 1974, a Confederação Brasileira de Golfe.
A Associação Brasileira de Golfe foi criada às pressas em 1958 para que o Brasil pudesse participar do primeiro Campeonato Mundial Amador de Golfe por Equipes – Troféu Eisenhower, criado naquele ano juntamente com o Conselho Mundial do Golfe Amador (WAGC), que se transformaria na Federação Internacional de Golfe (IGF), em 2003, para abarcar também o golfe profissional e se filiar à Comitê Olímpico Internacional (IOC). Até a última edição, quando a quantidade de participantes foi cortada pela metade, o Brasil havia sido o único país, além dos EUA, a ter participado de todas as edições do Troféu Eisenhower.
Premiação – Além de Grego, a mesa de entrega de prêmios foi composta ainda por Sérgio del Porto, da Grama, vice-presidente da ABGS; Fernando Braga, de Bauru, diretor Técnico; Emiliano Saran, diretor de Relações Institucionais; Luiz Fernando Sardinha, diretor Financeiro; Paulo Pacheco, membro do Conselho; Marcelo Stallone, presidente do Gávea; Indalécio Alvarez, presidente do Itanhangá, e Leandro Apolinário, presidente da Federação de Golfe do Estado do Rio de Janeiro.
Houve ainda agradecimentos aos demais diretores presentes: Amir de Oliveira, Antônio Zauli, Michel Thó, Ivo Avila e José Antonio Góes, membros do Conselho da ABGS; Humberto Monte Neto, diretor do Nordeste; José Aparecido dos Santos; diretor na Associação Esportiva São José, e Rodolfo Santos, diretor no São Paulo Golf Clube.
Próximos torneios – Os dois últimos torneios da temporada 2024 da ABGS serão o Aberto do PL Golf Clube, dia 28 de novembro, em Arujá (SP), e a 1º ABGS Cup, match play festivo, com os melhores do ano e presidentes dos clubes parceiros, dia 12 de dezembro, no Terras de São José Golfe Clube, em Itu (SP).
Veja neste link, as fotos da premiação.