POR WÂNIA RENNÓ SIERRA (*)
Todos os esportes podem se beneficiar da psicologia já que esta é a ciência que trata nossas emoções, os processos mentais, nossos comportamentos e nossa interação com o meio em que vivemos.
Quando vemos um jogador de golfe, sabemos que além de um esportista ele é um ser emocional. E sabemos que nossas emoções interferem diretamente na performance. Pois de acordo com o que sentimos, nos comportamos. Precisamos aprender a alinhar pensamentos e emoções. Tanto os treinos quantos as competições têm um nível específico de pressão e o atleta precisa aprender a lidar com essas pressões de forma que o auxilie no jogo e não o atrapalhe.
Existem algumas questões importantes a serem trabalhadas num jogador de golfe. São elas: autoconfiança, concentração, resiliência, tomada de decisão, motivação, aprendizagem, atenção e foco. E aprender a lidar com a pressão do jogo.
Autoconfiança: porque o atleta precisa confiar em si mesmo, entender que é capaz de enfrentar os desafios do jogo e acreditar que ele pode alcançar sua melhor performance.
Concentração: o atleta também precisa aprender a se concentrar de tal forma que as possíveis distrações não atrapalhem o seu jogo.
Resiliência: é a capacidade de ressignificar e se recuperar rapidamente de possíveis contratempos e desempenho insatisfatório.
Tomada de decisão: aceitar a pressão que faz parte do esporte e da competição, mas aprender a tomar decisões corretas, com rapidez e clareza. Aprender a relaxar poderá ser de grande auxílio para as decisões.
Motivação: ter seus objetivos claros e suas metas no esporte podem manter o atleta motivado. A motivação é importantíssima para que o atleta mesmo tendo que lidar com suas falhas possa continuar insistindo no seu crescimento no esporte.
Aprendizagem: importante aprender com seus erros, não deixando que eles criem crenças negativas. Mas que sejam formar de alcançar sua melhor performance.
Atenção e foco: ter um foco claro no que de fato é importante melhorar no seu jogo.
Podemos olhar para o campo de golfe como um lugar solitário, o que facilita os diálogos internos. Nesse caso, o psicólogo pode auxiliar o jogador a ter falas positivas consigo mesmo, a lidar com suas emoções que podem ser medo e ansiedade, ou qualquer outra de forma que o motive a buscar seu melhor desempenho. Assim como ajudá-lo a lidar com suas possíveis crenças que podem ser limitantes. E então suas crenças devem ser ressignificadas como crenças positivas que podem abrir novas possibilidades para o atleta.
Uma dica de ouro para o jogador de golfe é respirar fundo. Quando respiramos fundo diminuímos o nosso stress emocional, nossa ansiedade, relaxamos e sentimos um controle maior sobre nossas emoções.
Mas estamos ainda vivendo uma pandemia e o atleta que é atleta, mesmo com todos os problemas que o país e o mundo enfrentam, continua sendo um atleta. É preciso lembrar que a sua vida mudou, mas o esporte ainda faz parte dela.
Tivemos o nosso dia a dia completamente mudado. Nos trancamos em casa, mudamos a nossa rotina a qual estávamos acostumados. E surgiram novas emoções pela falta da rotina, inclusive no esporte. A ansiedade é uma das emoções que mais apareceram nesse momento. E precisa ser tratada.
Continuar com treinos, mesmo que seja modificado, aprender a meditar, aprender a relaxar são fundamentais para que a saúde mental seja preservada, pois auxilia muito no manejo da ansiedade. Procurar ajuda de um profissional de psicologia pode ser importante. É o momento de uma parada obrigatória. E se estamos parados, vamos aproveitar para pensar no golfe, nos treinos futuros, nos seus objetivos, na sua melhora de performance. Aproveitar para olhar para dentro. Ver o que foi bom no passado e o que não foi. Aprender a olhar para nossas emoções com outros olhos. Fazendo com que elas possam nos ajudar quando tudo voltar ao seu lugar. Pois uma certeza nós temos, um dia essa pandemia vai acabar!
(*) Wania Rennó Sierra é psicóloga clínica e esportiva e diretora do NI Humana – Núcleo de Integralização Humana.