O golfe é um esporte de grande exigência física, durante o gesto do movimento esportivo, que é o swing, a cabeça do taco move-se a uma velocidade acima de 160 km/h. Os jogadores amadores atingem aproximadamente 90% de pico de atividade muscular durante o movimento esportivo e executam mais de 60 tacadas por jogo, não contando os putters.
Como os praticantes do esporte não se cuidam preventivamente, o número de lesões relacionadas ao golfe também tem aumentado. A faixa etária da maioria dos jogadores geralmente é acima de 40 anos, idade na qual ossos, músculos, tendões e articulações começam a ter alterações degenerativas. E a causa mais comum das lesões está relacionada ao movimento repetitivo relacionado ao swing, que pode ser exacerbado pelo gesto esportivo incorreto, assim como pelo treinamento e jogo excessivo.
Geralmente, a ocorrência das dores é aumentada conforme a idade do atleta avança, pois frequentemente existem lesões pré-existentes de características degenerativas, as quais associadas com o movimento repetitivo do esporte acabam por interromper a sequência de jogo do desportista para tratamento. Com relação às lesões ortopédicas, a lombalgia é uma das principais lesões relacionadas com o golfe, representando 30% de todas as lesões e o acometimento na sua maioria ocorre no sexo masculino.
Geralmente, as lesões são resultantes de “overuse” (excesso de uso), mais recorrente no caso de jogadores profissionais e no caso dos amadores, o movimento de swing inadequado é a causa mais comum. Lesões nas extremidades superiores podem afetar as mãos, os cotovelos e os ombros e geralmente são resultantes do impacto durante o swing.
O ombro tem uma incidência de lesão no golfe em torno de 17% e em amadores europeus, ele chega a ser a 2ª causa mais comum de lesão. Lesões do manguito rotador do ombro e impacto subacromial envolvendo o lado esquerdo estão entre as causas mais comuns de dor no ombro no jogador destro. Como a ocorrência de alterações morfológicas em pessoas acima de 60 anos é alta, a associação dos movimentos repetitivos do swing em pacientes com esses fatores de risco, favorece a ocorrência de lesões nessa faixa etária.
Já o cotovelo é uma área que da até nome a uma lesão do golfe, que é a tendinite medial do cotovelo ou “golfer’s elbow”. As lesões nessa área são frequentes e acometem na sua maioria amadores e geralmente é traumática, ou seja, pelo impacto do taco em outro objeto que não a bola, podendo ser uma pedra, areia densa ou até mesmo o solo.
A causa mais comum da dor lateral do cotovelo está relacionada com sobrecarga por movimentos repetitivos, como a sobrecarga decorrente de alterações no grip em amadores e a força excessiva na empunhadura e grips escorregadios são causas comuns enquanto a epicondilite medial é traumática, relacionada a desacelaração súbita do taco.
Nos membros inferiores, as lesões são incomuns no golfe, representam cerca de 1% das lesões em profissionais e 3 % em amadores. No entanto, em jogadores seniores é uma queixa comum e está relacionada à artrose.
A avaliação do gesto esportivo e a investigação do momento do swing em que a dor se manifesta são fundamentais para o tratamento e prevenção das lesões no golfe. O diagnóstico especializado das alterações músculos esqueléticas é essencial, pois outras afecções podem coexistir. O prognóstico de retorno ao esporte é variável e deve ser individualizado, de acordo com o diagnóstico específico, idade, do paciente e gravidade dos sintomas.
Por isso, é de fundamental importância o conhecimento do fisioterapeuta sobre biomecânica e força do swing do golfe para diagnosticar e gerenciar o vasto espectro de lesões relacionadas ao esporte.
Dra. Rossana Quessa , graduada Fisioterapia pela Unesp e certificada pela Titlest Performance Institute Level l.