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Family & Golf Trip – 6.000 km jogando golfe pelo Sul do Brasil

Fernando Ruiz e família

Fernando Ruiz, 43 anos, professor de cursos de gestão de negócios, consultor empresarial e apaixonado por viagens e por golfe. Ele aproveitou quando os campos estavam abertos por causa da pandemia e fez uma viagem de 6 mil km com a família. 

Ah, aquela sensação de paixão que todos que já amaram ou amam alguém já sentiram… é este tipo de sensação que muitos golfistas têm depois do primeiro contato com o golfe. Ok, não é amor à primeira vista… Você não vai acertar a bola nas primeiras tacadas! Todos passamos pela incrível dificuldade inicial do esporte, mas o desafio de tentar melhorar, se desenvolver, ver os resultados melhorando, conhecer a história (séculos!) e ídolos do esporte (Tiger Woods, Jack Nicklaus, Ben Hogan, Bobby Jones etc) torna o processo muito prazeroso…

Mas logo vem os primeiros dilemas: aprender e evoluir no driving range ou em campos, jogando na prática? Com professores, caddies, vídeos (existem centenas de canais de golfe no YouTube, e ao menos algumas dezenas são muito bons) ou livros? Ir a um único campo várias vezes ou jogar em diversos campos? Jogar sozinho ou com amigos, no começo? Ter um equipamento top, de primeira linha, ou um kit de “entrada”?  Independente dos caminhos a seguir, provavelmente todos serão divertidos e desafiadores!

Viagem de 6.000 km

E uma das maneiras de se desenvolver, se divertir e viver o golfe intensamente é fazendo uma “golf trip”. Pensando nisso, em janeiro deste ano, planejada uma viagem de 1 mês de carro com a família para o Sul do Brasil, decidi juntar as coisas e transformar a viagem também em uma golf trip! Saímos então literalmente no dia 1º de janeiro, de São Paulo capital, rumo ao Sul. Nosso objetivo e ponto mais ao Sul que chegaríamos? O arroio Chuí, ponto mais meridional do País e divisão com o Uruguai.

Logo no 1º dia de viagem, uma reflexão que já daria o “tom” de golfe da viagem: se teríamos que parar no meio do caminho de São Paulo a Foz do Iguaçu, já que a viagem demoraria 2 dias, por que não parar e dormir em uma cidade que tivesse um campo de golfe para jogar e conhecer um campo novo? Mas onde? Outra ferramenta que seria companheira perfeita de um golfista explorador: o Google Maps. Não só para indicar onde havia campos em raios de 50-100 km de onde eu estava, mas mal sabia eu que usaria muito para “minerar” campos via satélite, muitas vezes campos que não tinha um site ou não era fácil achar na Internet, mas que se acha facilmente pela visão de satélite do Maps. Decidido, Londrina seria a noite de sono e a diversão da manhã seguinte (Londrina Golf Club)! E por que não parar em Aguativa (Aguativa Golf Resort – Cornélio Procópio) para tomar um lanche com minhas filhas vendo a paisagem de outro campo da região? Feito, pôr-do-sol lindo no campo de Aguativa.

Costão do Santinho Resort

Estes dois primeiros campos da viagem já mostravam uma tônica sobre os campos espalhados por este Brasil: golfistas de quaisquer partes do Brasil são tipicamente muito bem-vindos na massacrante maioria de campos de golfe, mesmo não sendo sócios, mensalistas ou ainda não tendo handicaps baixos. É só “meter a cara”, talvez ligar antes, agendar a visita, checar dias de abertura, e certamente você jogará e se divertirá em um novo campo.

Aliás, falemos das delícias de curtir a 1ª visita e volta num campo de golfe que nunca fomos… Que prazer em analisar o design do campo, os hazards (lagos, bancos de areia, matas), a estética de cada campo, os desafios diferenciados de cada buraco, as belezas naturais únicas do lugar como florestas, lagos, aves diversas, além dos espaços paralelos com driving range, putting green, estrutura oferecida etc. É sempre apaixonante desbravar um novo “golf course”…

Iguassu Golf Club

Já que a estada em Foz do Iguaçu obviamente mereceria alguns bons dias (5), decidi ficar com a família em um resort que tivesse um complexo de golfe. O Wish apareceu então como opção óbvia (Wish Golf Resort – Iguassu Golf Club). E se alguém acha que precisamos ir para o exterior para vivenciar um hotel e complexo de golfe espetaculares, sem dever nada a complexos americanos ou europeus, precisa conhecer o Wish. A liberdade que o time da club house do Wish te dá para jogar no seu tempo, a qualquer hora do dia, ficar com o cart à sua disposição para andar no campo e pelo hotel, no meio dos chalés, é fantástica.

Você consegue imaginar sair de seu chalé as 5:30 da manhã, andar apenas 2 minutos de cart e assistir a um nascer do sol espetacular no tee do buraco 1 enquanto alonga o corpo antes da 1ª tacada de drive? Raros campos lhe permitem esta sensação, certo? Mas pense num campo com rough com grama muito alta que faz seu índice de perda de bolas subir 1.000%? Este também é o Wish… Após a 1ª volta de 9 buracos, lá pelas 9:00, tipicamente eu ia tomar café com minha esposa (Camila) e minhas filhas (Letícia e Natália, de 10 e 9 anos), antes de partir para a 2ª volta. Fiz isso por 4 dias seguidos, simulando 4 rounds típicos de um grande torneio do PGA (quando e onde em nossa vida corrida do dia-a-dia conseguimos fazer isso?).

Fernando Ruiz

A próxima parada seria em Florianópolis. E aí o campo parceiro do Costão do Santinho Resort (Costão Golf Club – Florianópolis) é a opção da ilha. E este campo mostraria uma tendência clara dos campos de golfe pelo Brasil… A transformação dos campos em grandes residenciais de luxo. Lindas casas bem construídas têm em seu jardim, quilômetros de grama dos fairways dos campos. O campo é lindo e fica ao lado de uma faixa de dunas bem grande e de natureza quase intocada, entre as praias do Santinho e Moçambique (aliás esta trilha entre as praias vale muito ser feita, pela paisagem única).

Depois de alguns dias na fantástica Ilha de Florianópolis, a viagem seguiria ao sul rumo a Xangri-Lá! Não, este não é o paraíso perdido (livro “Lost Horizon”, de James Hilton) e nem uma passagem pelas montanhas do Himalaia (“la” em tibetano é passo, uma espécie de cruzamento pelas montanhas entre fronteiras de países). Xangri-lá é uma cidade praiana do Rio Grande do Sul, e como qualquer paraíso perdido, precisaria ter um campo de golfe (Green Village Golf Club Xangri-Lá)! Campo lindo e que sedia diversos torneios que ocorrem no Sul do Brasil.

Arroio Chuí, rio que faz a divisa entre o Brasil e o Uruguai

Se achamos Xangri-lá, atingir o ponto mais ao Sul do Brasil não seria difícil. Lá fomos nós então rumo ao Arroio Chuí, rio que faz a divisa entre o Brasil e o Uruguai. Mas mais espetacular que o ponto final deste trecho da viagem foi a descida de aproximadamente 300 km pelo estreito entre a Lagoa dos Patos e o mar.

No isolado município de Mostardas, por exemplo, pode-se deixar a BR e andar de carro por vários quilômetros pela areia da praia, sem ver uma alma vida (humana…), apenas a natureza, um farol e muita areia. Cruzamos de balsa a faixa de rio (gigante) onde a Lagoa dos Patos deságua no mar e chegamos a Rio Grande. Apesar de ainda estarmos a 200 km do Chuí, Rio Grande tem o campo de golfe mais ao Sul do Brasil (Country Club Cidade do Rio Grande). Campo daqueles bem “roots” (raíz!), campestre mesmo. Aliás estes campos mais isolados são ótimos para treinar o esporte, quase sem movimento, jogadores na frente ou atrás de você, espaços mais abertos, etiquetas formais do golfe mais flexibilizadas etc.

Ajudando a manter os campos preservados para os próximos jogadores… E o tamanho deste green!

Limpando os rastros que o pai deixou para trás…

 

 

 

 

 

 

 

 

No caminho de ida e de volta Rio Grande-Chuí, mais uma surpresa. Simplesmente a maior praia em extensão do planeta é brasileira: Praia do Cassino, de 240 km de areias e vida marinha quase intocada. E pelo isolamento da praia e quase inexistência de pessoas na faixa de areia em grande parte de sua extensão, pode-se fazer de carro o trecho todo, curtindo faróis, um navio histórico naufragado e incrustrado na areia, trânsito de grandes tartarugas marinhas pela faixa de areia, dentre outras particularidades desta região fantástica.

Invertendo 180º na direção da viagem, agora rumo ao Norte, iniciamos a viagem de volta a São Paulo, agora pelo lado interior (lado esquerdo de quem “sobe”) da Lagoa dos Patos. E Pelotas é parada obrigatória. Fiquei surpreso em saber e conhecer dois lindos campos da cidade (Dunas Golf Club e Clube Campestre de Pelotas). Campos bem diferentes. O Dunas mais central, mais elitizado, com infra maior de outras atividades. O Campestre mais informal, focado no golfe, tocado por profissionais com história no golfe brasileiro (que inclusive estão sempre por ali jogando juntos). Foi um prazer conhecer e jogar nestes dois campos.

Fotos: Arquivo pessoal

Trezentos quilômetros ao Norte estávamos agora em Porto Alegre, em dia de Grenal. Mas para um golfista apaixonado, muito mais legal seria conhecer dois campos espetaculares da cidade (Porto Alegre Country Club e Terra Ville Golf Belém Novo). O Terra Ville, em particular, recebe muito bem os visitantes e talvez seja um dos campos mais espetaculares do Brasil. Pelo design do campo como um todo, desafio de atingir cada fairway e green, hazards lindíssimos de se ver (e não cair!) e sentir a composição de um residencial muito bem desenhado em convivência com um campo de golfe fantástico. Não saberia dizer se foi eu curtindo cada tacada ou minhas filhas me acompanhando e se aventurando no cart junto comigo no campo.

Mais uma pequena viagem de duas horas e estávamos nós em Torres, ainda no RS, e eu poderia curtir, além das falésias e penhascos espetaculares das praias da cidade, o campo local no dia seguinte (São Domingos Golf Club – Torres). O campo de Torres, mais um de estilo mais campestre e isolado, era mais uma demonstração de quão acessível o golfe está passando a ser, para quebrarmos aquele mito que é só para milionário, gente fina e chata. O pessoal que cuida do campo era muito simpático, receptivo, deixando o golfista muito à vontade para jogar ao seu estilo e ritmo.

Porto Alegre Country Club

Um sócio golfista que estava terminando os 18 buracos ficou super contente de um golfista de São Paulo estar ali chegando para conhecer o campo e cedeu com prazer seu cart para rodarmos o campo. Não preciso dizer o sorriso de orelha a orelha que minhas filhas, já se sentindo, nesta altura da viagem, pilotas de fórmula 1, abriram, não é? Joguei umas 4 horas ali em meio a talvez centenas de quero-queros à beira do rio e dos pequenos lagos do campo.

Depois de um dia todo no Beto Carrero (meninas gostaram sim de curtir os campos, mas para crianças o golfe não é páreo para o Beto Carrero!), segui rumo à Curitiba, na última parada antes de São Paulo. E o leque de campos de Curitiba (acho que a cidade mais bem servida de campos de alto nível dentro da cidade) me permitiu conhecer mais um campo (e residencial) de estrutura, design e beleza fantásticos (Alphaville Graciosa Club – Curitiba), mesmo eu tendo escolhido apenas pela localização já na beira da BR para São Paulo.

Terra Ville Golf Belém Novo

Esta viagem de 6.000 km me fez aumentar ainda mais a paixão pelo esporte, fez meu handicap baixar de forma considerável pelo treinamento contínuo e me mostrou que com planejamento (e pique!) é possível sim aliar uma viagem em família com uma golf trip, ao mesmo tempo. Não tenho dúvida alguma que em quaisquer viagens que eu fizer de agora em diante, sempre terei um objetivo paralelo de explorar campos locais e as belezas escondidas deste nosso esporte!

 

 

 

Alphaville Graciosa Club – Curitiba

Características Típicas dos Campos e Dicas Colhidas na Golf Trip pelo Brasil:

  • Gasta-se de 100 a 150 reais o green-fee para 18 buracos, mas para alguns campos este valor pode chegar a 200 ou 300 reais.
  • Os campos tipicamente permitem levar crianças ou acompanhantes do golfista.
  • A grande maioria dos campos apresenta uma infra paralela de outras atividades e distrações para a família (piscinas, restaurantes, salas de jogos diversos, área social etc).
  • Apesar da sugestão de dress code, não há uma formalidade grande na maioria dos campos e você conseguirá sim jogar vestido da maneira que se sente mais confortável.
  • Vale a pena ter mais espaço no carro (bagageiros no teto resolvem bem!) para o equipamento de golfe não atrapalhar a necessidade de espaço de malas da família.
  • Ter e levar uma taqueira completa, bastante bolas e um carrinho são itens interessantes que te fazem não depender da infra do campo (lembre-se que alguns são bem campestres e sem grande infra).

Fernando Ruiz

43 anos, professor de cursos de gestão de negócios, consultor empresarial e apaixonado por viagens e por golfe

 

Golfe e turismo pelo Brasil

Campos de Golfe no Sul do Brasil

Paraná

Água Viva Golf – Londrina

Aguativa Golf Resort – Cornélio Procópio

Alphaville Graciosa Club – Curitiba

Clube Curitibano – Curitiba

Graciosa Country Club – Curitiba

Iguassu Falls Golf Club (Wish Resort) – Foz do Iguaçu

Las Palmas Golf & Country Club – São José dos Pinhais

Londrina Golf Club – Londrina

Maringá Golf Club – Maringá

Ponta Grossa Golf Clube – Ponta Grossa

Santa Mônica Clube de Campo – Colombo

Sociedade Royal Golf Residence – Londrina

 

Santa Catarina

Costão Golf Club – Florianópolis

Joinville Country Club – Joinville

Jurerê Golf Club – Florianópolis

Plaza Itapema Resort & Spa – Itapema

Reserva Camboriú – Balneário Camboriú

 

Rio Grande do Sul

Belém Novo Golfe Clube – Porto Alegre

Cantegril Clube de Bagé – Bagé

Caxias Golf Club – Caxias

Clube Campestre de Livramento – Santana do Livramento

Clube Campestre de Pelotas – Pelotas

Country Club Cidade do Rio Grande – Rio Grande

Dunas Clube – Pelotas

Gramado Golf Club – Gramado

Green Village Golf Club – Xangri-lá

Porto Alegre Country Club – Porto Alegre

Rosário Golfe Clube – Rosário do Sul

Santa Cruz Country Club – Santa Cruz do Sul

São Domingos Torres Golfe Clube – Torres

 

 

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