O problema da coordenação. Back to basics

Africa Alarcon

Africa Alarcon

Imagine o perfil a seguir. Homem, entre 40 e 50 anos. Handicap 20 a mais de 3 anos. Sedentário, tirando o golfe de fim de semana, a caminhada na esteira esporádica e a pedalada mensal na ciclovia da cidade, ele não faz qualquer outra atividade. Ou seja, sedentário.

Trabalha mais de 8 horas por dia sentado, tem dores na lombar ao final de 18 buracos e um joelho ruim que carrega desde a faculdade. Consegue visualizar?

Pois bem, este é o perfil do jogador amador brasileiro. E este mesmo jogador assiste vídeos em slow motion do Rory ou do Adam Scott e quer fazer o movimento igual, mesma estabilidade de coluna, mesma rotação de quadril e se possível mesma distância. Difícil não é?

Um dos fatores que prejudica de mais este jogador é a falta de repertório motor, que grosseiramente pode ser traduzido como a quantidade de movimentos aprendidos ao longo da vida. Saltar, arremessar, rebater, pedalar, nadar, dançar e por ai vai.  Ele já fez tudo isso algum dia, só que foi a muito tempo atrás. O corpo dele já esqueceu. A coordenação motora, não é uma capacidade muito fácil de desenvolver num adulto sem repertório motor. Equilíbrio, ritmo, noção espacial, reação a estímulos visuais e auditivos formam parte da coordenação, mas são raramente trabalhados na academia ou no campo.

Mas o nosso jogador descrito acima, não tem tempo para trabalhar tudo isso. Ele só quer jogar golfe melhor. Ele quer bater mais longe que os amigos, quer usar o mesmo equipamento que os profissionais, mas não tem tempo para exercícios básicos que em nada se assemelham ao swing.

Mas acreditem, sem essas capacidades o jogo de golfe nunca vai evoluir. Sem consciência corporal para evitar movimentos de quadril e coluna (sway, slide, perda de postura) ele nunca vai acertar o sweet spot. Sem ritmo e noção de aceleração e desaceleração, ele não vai conseguir ter um timming de swing consistente. E sem dissociação (capacidade de fazer movimentos diferentes com membros superiores e inferiores) ele não vai conseguir acertar o sequenciamento correto e girar o quadril no impacto.

Uma vez que o jogador possui coordenação e consciência corporal ai sim entram o exercícios glamurosos, o treino de força e velocidade os swings em cima de bases instáveis (perfeitos para fotos nas redes sociais) antes disso, é uma completa irresponsabilidade do treinador ou golf coach tentar colocar este golfista para repetir exercícios que viu o Rory fazer na academia.

Enfim, talvez esteja na hora de voltar ao básico. Desenvolver movimentos e não músculos. Devemos pensar em trocar nossa falta de habilidade por um corpo capaz de arremessar uma bola de handebol, ou de boliche, chutar uma bola em movimento, pular corda com ritmo, rebater uma bola de baseball ou ficar de pé num stand up paddle. Não imaginam a diferença que pode fazer no seu swing.

Estou feliz de poder compartilhar com vocês minha experiência nesta coluna e deixo aqui a sugestão de responder emails sobre duvidas que possam ter referente à preparação física de golfe. Tentarei atender a todos. Obrigada

Grande abraço!

 

Africa Madueño Alarcón. Fundadora da Golfepilates.

Golf Fitness Professional Level 2 TPI (Titleist Performance Institute). Educacão Fïsica USP. Pilates for Golf (USA) Pilates (Physiopilates) Personal Trainer (American College of Sports and Medicine)

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